" (...) ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado. morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça : a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disso."
Segundo D. Heloísa Ramos, viúva do autor, Vidas Secas é um livro essencialmente político, suas problemáticas abordadas continuam inteiramente atuais. Os soldados amarelos continuam dominando , só que agora são verdes. O Brasil continua o mesmo, ela enfatiza.
O romance vidas secas é um nuance que interliga a infância do autor , sob o regime das secas e das surras que lhe eram aplicadas por seu pai , e a sua convicção criada de que todas as relações são regidas pela violência. A linguagem seca e objetiva dá expressão à realidade dos retirantes, os capítulos autônomos desmontáveis libera o leitor da expectativa do próximo capítulo pois os acontecimentos terminam em si e poucas vezes interligam-se.
A obra é narrada em 3 º pessoa onisciente prismática; dessa forma permite o leitor focalizar a realidade a partir da perspectiva das personagens, por diversos ângulos.
Esse foi um conceito geral mas nos aprofundaremos estudando os personagens o autor e a linguagem dessa obra brilhante .
Mirelle.